segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Caminho

Imagine a seguinte cena:

Alguém caminha, sabendo exatamente para onde quer ir, aonde quer chegar. Esse alguém sabe que o caminho é longo, que é difícil de chegar até o destino escolhido. Mas ela também sabe que é possível. De repente, no caminho, surge uma fenda, um abismo. Ela pára. É o momento de fazer uma escolha. Olhando em volta, ela percebe que pode tentar seguir pela borda da fenda, na esperança de que haja algum contorno. Pode ser, por esse suposto caminho novo, que ela ande indefinidamente por muito tempo, sem qualquer certeza de que encontrará o contorno ou o local por onde ela possa seguir até o outro lado da fenda. Pode ser, também, que não haja um ponto de ligação entre os lados da fenda.
Pensando nisto, ela recorre à medida, quase suicida, de voltar alguns metros do seu caminho, dar uma carreira para impulsionar o salto até o outro lado da fenda. Ela acha que esse é o meio mais rápido e mais certo de chegar ao lado de lá. Pode não ser o mais seguro.
No fundo, o que eu desejo é que eu esteja fazendo a coisa certa. Desejo que esse salto, mesmo que me coloque em perigo, de alguma forma, me leve ao lado de lá.
Esta imagem é uma metáfora para o que decidi fazer no próximo semestre: trancar a faculdade (o contorno da fenda), para fazer SENAC (o salto sobre a fenda).
Tô com um medo do cão! Não sinto nenhuma empolgação em fazer isso agora. Mas sinto que é a minha única chance de garantir lugar no mercado (o lado de lá da fenda).
Ser chef de cozinha leva tempo, exige experiência, prática e muita habilidade. Em três semestres de curso tecnológico em Gastronomia, já vi que não vou adquirir nem experiência, nem prática e muito menos habilidade. O que menos se faz num curso tecnológico em Gastronomia é cozinhar. Passei o último semestre tentando fazer pães e produtos de confeitaria, quase nunca dando certo em aula. As aulas de cozinha brasileira do centro-sul eram aulas de geografia, na qual estudávamos área, capitais, densidade demográfica, relevo, clima e coisas do gênero sobre os estados do sul, sudeste e centro-oeste do Brasil. Nada do que eu preciso para ingressar no mercado de trabalho. Um professor me respondeu, quando eu brinquei com ele, perguntando quando ele iria me dar um estágio no restaurante dele:" Quando você tiver experiência."
Estou indo atrás dela... Vai ser dificílimo. Talvez eu queira desistir. Mas eu preciso me pendurar na ponta do abismo, pois se eu não for adiante, terminarei no fundo, morta, infeliz, miserável.