segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Mais alguns tons...

Bem, terminei os dois primeiros livros da trilogia 50 tons de Cinza. E posso afirmar, com muita convicção, que eu estou morta de cansaço pela Anastácia, protagonista dos romances... É tanto sexo (duas ou três vezes por dia, quase todo santo dia!!!!!) que eu fiquei exausta por ela. Como eu mencionei no post anterior, o vocabulário é tão fraquinho, que começou a ficar chato "reler" todas as narrativas porno-eróticas (dá uma sensação de que estou lendo de novo a mesma transa...). Mas o que me trouxe aqui para falar sobre o livro não está no livro em si, mas em um comentário que li em algum site por aí: alguém descreve o livro como "o pornô das mamães". Eu fiquei com a pulga atrás da orelha com a expressão claramente preconceituosa em relação às mulheres que optaram por construir uma família. É como se uma mãe não tivesse mais o instinto sensual e sexual que qualquer mulher saudável, em idade reprodutiva tem. Parece que parir é fato que irá, de vez, colocar a vida sexual na gaveta. Sabe-se que é difícil ter uma vida sexual ao estilo Grey/Steele com filhos em casa. Mas mesmo quem não tem criança em casa não anda transando toda hora, em todos os lugares, usando tantos apetrechos e tudo mais, por aí. Esse é outro ponto interessante que me levou a refletir ainda mais sobre o veneno implícito no comentário: o sexo comum, de todo dia, sem acessórios, brinquedos e fantasia, é menosprezado, como se só o sexo selvagem, cheio de incrementos fosse responsável por validar a satisfação sexual de uma mulher, principalmente se ela não é mãe. É interessante essa forma que boa parte da sociedade vê o "sexo baunilha", como algo que não satisfaz, enquanto que o sexo só é, de fato, fora de série, se tiver algum tipo de "estranhice", em algum nível... Interessante que no segundo livro da trilogia os protagonistas vem mostrar justamente o oposto disso: à medida que vão ficando íntimos e se apaixonando mais, a fantasia sado-masô vai deixando de ter espaço, e o Christian, que antes só conseguia fazer sexo na relação Dominador/Submissa, descobre um prazer muito maior no sexo comum, só pele, bocas e... química. Acho que o/a jornalista que criou a expressão precisa repensar o mundo, as mães, as mulheres e a sexualidade feminina, independente de idade, estado civil, status familiar, etnia, classe social, nacionalidade, e tudo o mais...

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