terça-feira, 24 de novembro de 2020

2013 a 2015

Eu tinha uma regularidade de postagens aqui até 2012, quando fui demitida da Instituição 1 em que trabalhava. Se o leitor/confidente quiser conhecer, basta voltar pra o início de tudo para perceber o nível hard da depressão, agora já diagnosticada. Eu era muito deprimida e muito relutante em aceitar, em buscar ajuda. Fiz terapia por várias vezes e por muitos anos, mas sempre interrompendo ao primeiro sinal de melhora no ânimo. Grande erro. Então, já que me propus a contar como foi a jornada de lá para cá, que resultou numa melhora considerável do quadro, preciso voltar àquele momento que foi um grande gatilho, me levando pra uma das quedas mais duras no meu processo, que é depressão reativa-atípica. Se quiser entender o tipo de depressão, dá uma olhada no post anterior, em que eu explico como é. Era dezembro de 2012 quando fui demitida da Instituição 1. Professor aqui no Brasil, via de regra, costuma ser demitido em dezembro (fim do ano letivo) ou julho (fim do 1º semestre letivo). Comigo, as duas vezes, foi em dezembro. E em 2012, foi a primeira vez que fui demitida na vida. Pra quem tem um padrão recorrente de reação à rejeição, esse foi O GATILHO, porque eu me sentia literalmente jogada fora no lixo. A instituição em questão tinha por praxe não pagar certos direitos trabalhistas, o que me impediu de acessar o seguro desemprego. Tive de entrar na justiça após findado o prazo de pagamento da rescisão contratual, o que não aconteceu também. Enfim. Comecei 2013 desempregada, sem nenhuma perspectiva de fonte de renda, e mais uma dor de cabeça, que era todo o trâmite legal de procurar um advogado, acertar todas as coisas para poder receber o que me era de direito. Eu até tentei mover algumas esperanças, falando com conhecidas e ex-colegas sobre "estar na pista" profissional novamente. E quem é professor sabe que, se você não for contratado até início de fevereiro, dificilmente você conseguirá alguma coisa até julho. Graças à Deusa, meu marido sempre foi muito acolhedor e compreensivo. Tivemos de cortar custos, inclusive de serviços prestados. Assumi completamente os trabalhos domésticos e o cuidado com meus filhos. Beeeeemmmm dona de casa: outro gatilho. E pra não enlouquecer, cursei a última disciplina que faltava em Gastronomia, para poder me formar. Uma das pessoas com quem conversei sobre estar disponível para dar aulas foi a coordenadora do curso de Gastronomia em que eu estudava. E, a despeito de tudo que aconteceu depois, tenho muita gratidão por ela. Em maio daquele ano, a professora de Análise Textual do curso de Gastronomia foi nomeada numa instituição pública na qual havia sido aprovada em concurso, e por isso deixou a disciplina e a Instituição às pressas para tomar posse. Imediatamente, a coordenadora pensou em mim, que já era formada em Letras e tinha Mestrado. Assim, em maio de 2013, eu passei a lecionar na Instituição 2. A carga horária era pequena, e o dinheiro só chegou depois que o semestre terminou, por conta de toda uma questão de sistema, etc e tal. Mas foi muito importante poder sair de casa para dar aula, ainda que fosse apenas por 1 hora e 40 minutos na semana. Eu sentia que podia! Eu tinha um sentimento bom por estar trabalhando. Aí eu preciso explicar o gatilho de ser dona de casa: eu nunca quis, nunca gostei. Sempre desejei ter família, mas nunca desejei ser a dona de casa. E eu cresci vendo as mulheres da minha família sendo diminuídas e machucadas, justamente nesse lugar de submissão e servilidade. Eu odiava (e ainda odeio) a ideia de repetir o padrão de minha bisavó ou minha avó. Queria viver numa casa onde todos fazem as tarefas, porque a casa é de todos. Mas enquanto eu estava desempregada, eu tinha de aceitar que as outras pessoas da casa tinham menos disponibilidade para as tarefas domésticas, porque estavam trabalhando ou estudando. E eu? Eu estava desempregada, tinha tempo suficiente disponível para cozinhar, lavar, passar, limpar a casa, etc. E isso me acabava, porque eu estava desempregada, sim, mas não por minha escolha. Então quando eu comecei a trabalhar fora novamente, eu podia dizer: eu também trabalho. Eu também tenho de preparar aulas, corrigir atividades, estudar...
Eu terminei a faculdade de gastronomia em 2013.1. E no semestre seguinte, me foi dada a oportunidade de assumir duas turmas de Técnicas Básicas de Cozinha. Foi aí que me tornei professora de Gastronomia. E não foi fácil, como se poderia pensar. Eu me sentia extremamente insegura, porque havia acabado de me formar, porque nunca tinha tido experiência em restaurantes, salvo no Restaurante-escola do curso profissionalizante que fiz. O medo que os alunos me confrontassem e percebessem que eu estava tão "verde" naquele papel era tamanho, que o fato de ter uma fonte de renda novamente não era suficiente para que eu me sentisse em paz. Foi em setembro de 2013 que procurei meu plano de saúde para pedir sessões de terapia. De lá pra cá, não parei mais. E se não tivesse sido assim, eu teria surtado legal em 2014. Foi ano de Copa do Mundo. E de eleição para presidente, governadores e todos aquele povo do Legislativo. E, lembra?, a Copa foi aqui no Brasil. Fiasco! Não o 7x1 da linda Alemanha sobre o Brasil, mas todo o despreparo do país para isso. E não! Não foi por causa da Copa do Mundo que meu ano de 2014 foi um pouco turbululento. Mas a Copa teve muita influência em tudo o que aconteceu. Por causa da iminência da Copa, de todos os gastos públicos com as preparações para o evento e da eleição presidencial, muitas categorias profissionais começaram a se manifestar. Aqui em Salvador teve paralização de tudo que é tipo: rodoviários, polícia, etc e tal! Isso implicava em quê? Aulas suspensas. Depois, quando a Copa começou, aconteceram jogos aqui na cidade, no Estádio da Fonte Nova. O que isso causava: paralização de aulas. Ah, e tinha jogo do Brasil, claro! Suspendam as aulas para o povo assistir aos jogos. Resumo da ópera: o semestre estava acabando, eu tinha cinco turmas, dentre as quais duas de Cozinha na Hotelaria, disciplina que eu peguei pela primeira vez. Calendário apertado e muitas aulas ainda por dar, devido a tantas suspensões. Então vem a 1ª grande lição do ano de 2014: Sempre dê a carga horária completa da disciplina, mesmo que você tenha de dar aula num domingo ou num feriado. Eu nunca tinha vivenciado uma situação dessas. Antes, trabalhava numa IES em EAD. Tudo milimetricamente organizado. Não havia suspensão de aulas, por nenhum motivo que fosse. Não estou me justificando. Apenas explicando o porquê de eu ter cometido os erros que cometi. A cada aula suspensa pela faculdade ou pela prefeitura (sim, o prefeito decretava suspensão de atividades por causa da porcaria da Copa, pra melhorar o trânsito na cidade e não fazer feio para os turistas), eu pensava: "Não é culpa minha! Não sou eu quem está escolhendo não dar aula! Então, não tenho nada a ver com isso." Mas como falei antes, o calendário ficou apertado, e havia conteúdos práticos para serem trabalhados, em especial na turma de Hotelaria do turno da noite. Eu dividia a disciplina com o professor que antes era responsável por ela sozinho. Então eu fui perguntar a ele como faríamos para dar aqueles conteúdos. Ele me falou, como que em segredo, que não ia repor aula nenhuma, apenas que juntaria duas aulas em uma única. E apenas deixaríamos de dar as duas últimas aulas, pois seus respectivos conteúdos seriam vistos futuramente em outra disciplina. 2ª grande lição de 2014: Não confie num colega de trabalho que te faz uma proposta indecente. Eu sabia que estava errado não dar as duas últimas aulas. Faltavam apenas 3 semanas para o fim do semestre,e havia uma defasagem de 6 aulas práticas. As quatro primeiras foram trabalhadas em duas. Cheguei a propor aos alunos algumas possibilidades de reposição, mas a turma se recusou. Compreendeu que não seriam prejudicados em não ter os dois últimos conteúdos, e disseram que não viam nenhum problema em não ter uma reposição das duas últimas. 3ª grande lição de 2014: Por mais de saco cheio que você esteja da Copa, da cidade, do trabalho e do mundo, nunca, NUNCA, deixe que a opinião dos seus alunos interfira no seu planejamento, se for o certo a fazer. Depois de ouvir os alunos, fui pra casa feliz, achando que o semestre estava acabado e que eu, finalmente, poderia descansar de uma experiência tão intensa que foi ter 5 turmas de disciplinas práticas em Gastronomia. Alguns dias depois, recebo uma ligação da coordenadora, me chamando para conversar. Cheguei para dar aquela que, supostamente, seria minha última aula na turma noturna de Hotelaria, e recebi a bordoada pelo meio da cara: a turma não queria reposição, mas um único aluno sim. Ele estava errado? Não. O problemas é que ele não falou comigo. Nem mesmo falou com a coordenadora. Ele passou por cima de todo mundo e mandou um e-mail para a ouvidoria da instituição dizendo que eu não queria dar aula. Eu me lembro daquele momento como se estivesse em um filme, em slow motion: a coordenadora gritando comigo na frente de todos, dizendo que eu tinha que dar as aulas de qualquer jeito; o colega - aquele que me falou que não ia repor aula nenhuma - fingindo que a ideia de não repor as aulas era minha; outros colegas solidários a mim, mas em silêncio, sem poder me ajudar. Eu senti como se meu coração tivesse sido arrancado do meu peito. Até hoje é um gatilho me lembrar disso. De todos os alunos que já tentaram me prejudicar, esse e os últimos (de 2018) são os que ainda não consegui perdoar. Resultado da cena: tive de usar o dia que seria da prova final para fazer duas aulas práticas em uma com apenas três alunos numa faculdade deserta. Depois disso, pensei em desistir de ser professora. A cada semestre, queria sair dali de alguma forma mesmo que alguns alunos, na grande maioria, fossem legais e os colegas, incríveis (Exceto aquele que fez a proposta indescente e depois fingiu demência. Sobre ele, há muuuuito o que falar ainda. Até hoje tenho pesadelos). Em 2015, eu já me sentia mais segura. Mas tinha um pequeno problema: eu sempre detestei mexer em carnes, ou seja, bicho morto. Não é à toa que estou me tornando vegetariana. No 1º semestre de 2015, eu tive uma turma de Preparo Prévio. Basicamente é uma disciplina que ensina como tratar animais e legumes, verduras. Tem a ver com cortes e técnicas de desossa, etc e tal. E eu não gosto, nem nunca vou gostar, de pegar em bicho morto. Pela compaixão pelo animal que morreu, pela textura fria e escorregadia da matéria, pelo cheiro...Não foi isso que me levou para Gastronomia. Eu escolhi essa área porque queria ser confeiteira. Entende a diferença? Chocolate, pão, bolos, macarons, tartes... E não, frango, codorna, peixe. Gente! Eviscerar peixe é a coisa mais nojenta que já fui obrigada a fazer na vida. Bem, eu sou uma pessoa que dificilmente vai esconder a expressão de desgosto, nojo, raiva ou qualquer outro sentimento/sensação. E numa aula dessas de Preparo prévio, os alunos descobriram meu nojo. E foram reclamar com a coordenadora. Resultado: mais bronca. Mais assédio moral, porque as broncas eram numa sala onde todo mundo podia ouvir. E eu tinha de ir, humilhada, com o rabo entre as pernas, para a sala de aula, fazer de conta que eu não me importava em estar pegando naqueles bichos mortos. Na última aula para essa turma, eu disse que apesar do meu nojo, ninguém deixou de aprender nada, porque eu fiz o meu trabalho. E disse ainda que a faculdade me pagava para isso, e não para gostar de tirar tripa de peixe. Comprei briga com aquele coleguinha - que agora havia se tornado supervisor - e com a coordenadora. Aquele lugar já não era mais um local de exercício de ensino-aprendizado com diálogo. Era como se eu estivesse jogando batalha naval. Eu não sabia qual aluno estava pronto para usar minhas palavras contra mim. Por mais que minha conduta fosse correta, eu estava sempre na defensiva, porque se os alunos quisessem, eles podiam tudo. A instituição é particular. Lá vale a lei de que "O cliente sempre tem razão". Dizem que você não pode falar mal de quem te deu emprego. Não estou falando mal. Estou mostrando a jornada que passei. Sou grata por tudo que aprendi lá. Sou grata por ter sido possível pagar minhas contas. E tudo o que vivenciei me possibilitou me conhecer mais. Se não fosse a terapia, eu nunca teria compreendido minha dificuldade em estar no papel de dona de casa. Também foi graças a isso que pude entender de onde vinha minha dificuldade em responder às broncas e me defender. Eu mantive minha terapia. Mas nessa época, também foi necessário entrar com medicação. Trabalhar era uma bênção, mas também era um suplício, pois era como entrar num campo de batalha. Os alunos não eram meus parceiros, os quais eu estaria ajudando a contruir uma jornada de conhecimento. Eram possíveis inimigos. Minha coordenadora e meu supervisor eram juízes. Quase esquema "vigiar e punir" de Foucault. Quem consegue ter qualidade de vida num trabalho assim? A partir daí, fiz todos os concursos que estavam ao meu alcance, na esperança de poder sair daquele lugar de cabeça erguida. Mas muita água rolou sob essa ponte. Esse foi só o começo. Hoje estou mais forte. Já consigo me defender. Entendo os gatilhos, e se puder evitá-los, eu faço. A terapia me ajudou. E digo a todos que quiserem ouvir: pode ajudar quem quiser.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Minha jornada de auto-cura

Não, eu ainda não estou curada da depressão. Talvez a cura não chegue nesta existência. E está tudo bem assim. Há momentos de muita força, euforia e paz. E ainda há momentos de inverno de alma, envolto na bruma da insatisfação e da melancolia. Ainda faz parte de mim um padrão muito forte de impulso para a fuga. Isso foi uma das muitas coisas que descobri com a terapia. É o padrão de crer que não consigo resolver um problema ou suportar uma situação. Sempre que algo ruim ocorre, meu primeiro desejo é me recusar a encará-lo, normalmente desejando abandonar tudo aquilo ali. Agora que sei disso, é mais fácil perguntar o que eu preciso aprender com o que está acontecendo. Terapia funciona. E eu resolvi contar um pouquinho disso neste espaço. Talvez um leitor precise ir para as primeiras postagens para saber como eu estava há 10 anos, para depois enxergar que algo mudou. O que mudou foi a parte de mim que não conseguia se reconhecer. No mais, a vida continua a mesma. Mesmo marido, mesmos filhos, mesma profissão. Eu vou contar, ano a ano, como foi que eu mudei ao começar a me encontrar.

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Tudo, absolutamente tudo, novo pela 1ª vez!

Passei cinco anos sem escrever. Não que não tivesse nada para dizer, mas porque não queria ficar andando em círculos, repetindo a mesma ladainha que já está registrada aqui desde sempre. Continuei minha terapia, passei a tomar remédio, sim. E mergulhei sem medo em mim mesma, para além da dor de me sentir eternamente deslocada e desencontrada nesta vida. Mas de lá para cá, muitas coisas aconteceram. E a cada pequeno degrauzinho que consegui subir, aprendi um pouco mais sobre mim mesma. Acolhi algumas das minhas sombras. Outras ainda estão escondidas, para serem conhecidas por mim ao longo da jornada. Também reconheci e aceitei a parte de luz em mim que consegui ver. A jornada continua. E eu vou tentar contar um pouquinho sobre como tem sido. Da última vez que eu escrevi, eu estava passando por mais uma fase depressiva. Depois de tanto tempo, finalmente o diagnóstico ficou claro: depressão atípica-reativa. De uma forma bem resumida, é como se fosse o seguinte: quando algo bom acontece, eu fico feliz, mas não é suficiente para sustentar a alegria; e quando algo ruim acontece, me derruba de uma forma que eu não consigo me levantar sozinha, durando muito mais do que as alegrias dos eventos pontuais. Desde 2017, estou medicada, e muita coisa melhorou. Então eu aproveito para dizer: Não tenha medo ou vergonha de precisar tomar remédio para depressão, ansiedade, síndrome de pânico ou qualquer que seja a condição que precise ser medicada. Nenhum hipertenso ou diabético tem vergonha de tomar remédio. Por que a pessoa que está sofrendo com uma doença mental deveria ter? Depois que eu deixei Letras de vez, trabalhei numa instituição de ensino superior (IES), no curso de Gastronomia. Fiz concurso para a UFBA e perdi. Foi um baque na autoestima, e caí em outra crise depressiva. Foi justamente isso que me levou à psiquiatra e às medicações. No entanto, em 2017, fiz concurso para o IFBAIANO, passei e agora trabalho lá! O tempo que trabalhei na IES, tive momentos legais, porém muitos momentos desafiadores. Não vou falar do que era ruim, porque não quero dar lugar a isso. Vou falar do que foi bom: eu descobri algo em mim, que sempre esteve ali, latente, mas que eu não identificava. Eu descobri que eu sou o tipo de pessoa que gosta de cuidar. Mesmo sendo professora, eu me sentia feliz em cuidar dos alunos: ouvir, acolher, orientar, fazer algo que pudesse melhorar a vida daquela pessoa, ainda que não fosse no sentido de ajudar a ampliar conhecimentos. Foi nesse insight que eu descobri que tinha de me tornar terapeuta. Em 2018, comecei a fazer cursos de terapias diversas: Introdução à aromaterapia, Barras de Access, Reiki, Benzimento, ThetaHealing, Tarot...Quando fui demitida, em dezembro de 2018, ao invés de me sentir deprimida, como aconteceu na primeira vez, eu comemorei, porque senti que era o pontapé que faltava para que eu me dedicasse a essa nova profissão. Eu estava com a relação com a gastronomia muito desgastada. A cozinha não era mais prazerosa porque só me lembrava de supervisores traiçoeiros e alunos eternamente insatisfeitos. É claro que, ainda comemorando, eu me sentia tendo sido jogada fora. Mas havia perspectiva. Havia a possibilidade de recomeço imediato. E foi aí que a minha jornada rumo a uma nova profissão (mais uma), se tornou uma jornada de auto-cura. O ano de 2019 foi um ano de aprendizados sobre empreendedorismo, Ikigai e autoconhecimento. É claro que não conseguia pagar minhas contas. Que terapeuta iniciante consegue uma agenda cheia de cliente da noite para o dia? E nisso, muitos altos e baixos. Mas eu me reconheci bruxa, assumi todo o meu lado esotérico e espiritualista. Desde 2016, passei a estudar mais sobre espiritualidade. Em 2018, iingressei num curso bem sério sobre espiritualidade. E comecei a ter uma visão mais leve das dificuldades da vida. Eu já estava exausta de lutar contra as circunstâncias que se apresentavam para mim. Não conseguia clientes, nem mesmo para comprar os japamalas que eu fazia. Resolvi correr atrás do concurso que fiz e passei. Faltava pouco tempo para o prazo do concurso vencer. Meu marido me empurrou até a exaustão para que eu fizesse ligações e visitas, a fim de movimentar o processo. Graças a ele, meu marido, que hoje estou numa instituição federal de ensino. No fim de dezembro de 2019, minha nomeação saiu no Diário Oficial. Faltavam apenas 5 dias para o prazo do concurso vencer. Eu já tinha até mesmo uma advogada a postos, para o caso de precisar entrar na justiça pela vaga. Ainda bem que não precisei fazê-lo. E aí o ano de 2020 começou. Você já sabe sobre 2020. Eu não preciso falar de todos os absurdos desse ano estranho. Mas eu quero muito falar sobre as minhas bênçãos. Hoje eu sei que não posso mais fugir de ser professora. Não somente porque estou depois da Reforma da Previdência, muito provavelmente eu não vá conseguir me aposentar nunca, mas porque está no meu cerne. Faz parte de mim ensinar coisas. Depois que eu me tornei terapeuta, eu passei a dar dicas sobre como aliviar cólicas com aromaterapia, ou como ritualizar um banho, ou como tal erva é bom para insônia. Eu não consigo deixar de ensinar. É um karma, e um dom: tudo o que eu aprendo, eu ensino. Se estou numa consulta médica, e me aparece a famigerada pergunta "Professora de quê?", logo a médica está me falando de coisas que ela ama comer e que gostaria de aprender, e, se eu souber, na mesma hora solto uma dica ou um macete. É mais forte do que eu! Então eu resolvi assumir que sou uma professora-terapeuta, que vai fazer o possível para ajudar os alunos, seja com conteúdo informativo das disciplinas que eu ministrar, seja com minhas dicas de bruxa. Resolvi que vou encontrar uma forma de juntar tudo no mesmo balaio, porque eu não posso me separar de mim mesma. Eu sou professora, por mais que eu tente fugir disso, e sou uma terapeuta, benzedeira, que prepara chás, banhos e joga cartas. E sabe de uma coisa? EU AMO SER TUDO ISSO. Então, tudo mudou, pela primeira vez, eu acho. Porque eu já não sinto que os problemas podem ser resolvidos fora de mim. E como boa geminiana, fico me questionando se eu já senti tudo isso antes, mas me parece que não. Nada mudou por fora. Eu mudei o máximo que pude por dentro. E ainda tem muita faxina e reforma pela frente. Só que dessa vez, eu estou em paz.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Nada novo de novo.

Quase dois anos se passaram desde a última  postagem. Muita coisa mudou contextualmente. Eu, porém, dei alguns passos à frente e todos eles e mais um para trás. Estou, de novo, diante de um concurso  pra fazer (me cagando de medo da rejeição ), sem coragem de mudar.
De dois anos para cá,  voltei a fazer terapia. Eu estava em meio a uma depressão moderada. Nada mudou. Talvez eu tenha de ceder e tomar remédios.

Hoje estou com muita raiva de muita gente, inclusive de mim mesma.

Em suma,  estou descobrindo muita coisa sobre mim mesma na terapia.  Mas nada mudou....

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Não quero ser....

Ok, eu não quero ser a pessoa que reclama de tudo o tempo todo. Mas esse é o único lugar onde posso fazer isso em paz. Eu fiz uma prova de concurso no domingo. Não acho que eu seja a pessoa que tem perfil para a vaga, mas me agarrei à possibilidade porque o barco está afundando por aqui. E me pareceu tão tranquila aquela prova. Eu me senti confiante, segura. Em nenhum momento, achei que meus concorrentes fossem menores do que eu, muito menos que eles mereçam menos do que eu a vaga disputada. Ontem o gabarito foi divulgado, e eu conferi, pasmada, a quantidade de questões que errei. Espero que isso não pareça arrogante da minha parte, mas a verdade é que a prova não me pareceu difícil. Ter errado tanto está me fazendo sentir como se eu fosse incapaz, burra! Será que todo mundo se sente assim? Será que todos os meus colegas que também erraram tanto quanto eu estão se sentindo incompetentes? Bem, eu estou. E mais: tenho a sensação de que nem quero ir lá fazer a segunda etapa do concurso. Não quero ser a pessoa que desiste antes do fim, mas estou me sentindo exausta e sem nenhuma vontade de continuar.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Festa...

Supostamente, uma festa deveria ser motivo de alegria, de animação. A festa não é necessariamente minha, mas eu acho que quando alguém é convidado para uma, isso não deveria ser um peso. Amanhã há um casamento. Nada contra os noivos, mas eu não gostaria de ir. Simplesmente porque estou com vontade de não ir. Ou melhor, não estou com vontade de ir. É diferente. E é muito simples de explicar minha não-vontade. Esse tipo de festa é como um desfile no tapete vermelho do Oscar: as pessoas estão lá não para celebrarem o acontecimento, mas para se exibirem. Se você é convidado para um casório, e junto com o convite vem uma série de exigências sobre como você deve se vestir, a alegria da celebração vai para a puta que o pariu, porque o que resta é a chatice de ter que fazer cabelo, unhas, maquiagem (é uma delícia fazer tudo isso quando é para o seu prazer, e não para pousar num álbum de casamento), alugar roupa (ou conseguir emprestado, ou comprar). "Felizmente" nesses últimos 14 anos eu engordei o suficiente para uma roupa de gala de minha sogra caber em mim. Minha sogra sempre tem algum evento de gala para ir. Eu não. Aliás, meus amigos não se casam. Eles passam a morar junto com suas(seus) companheiras(os) e depois atualizam o perfil no Facebook. Também não sou muito convidada para festas de formaturas e bailes de debutantes. Por isso, não tenho vestido de gala. Se tivesse, seria preto, mas a mãe da noiva não quer que ninguém use preto na festa. (Já viu que onda?) Bem, e qual a razão de eu simplesmente não ir? "Família, família...." Não ir é comprar uma briga, uma ofensa. A família nem é minha! É do marido, mas eu não vou ser a responsável por uma "ofensa" tão grave. E aí, o jeito é me submeter. Amanhã, a esta hora, estarei com a cara cheia de "reboco", coque, roupinha de gala, sorriso falso. Não farei unha, não irei ao salão... Malmente, passarei uma base nas unhas para disfarçar... nos olhos, vou tacar um par de cílios postiços tão chamativos que ninguém vai reparar nas minhas unhas. Quer dizer, ninguém exceto a mãe da noiva, que adora ter repertório para falar mal dos outros depois que a festa passar. Certa feita, quando houve o casamento do outro filho dela, uma agregada foi a madrinha. A coitada havia trabalhado o dia inteiro e não pôde ir a salão fazer essas coisas todas. Foi do jeito dela, estava linda, do jeito dela, naturalmente como ela é. Tempos depois, numa rodinha de churrasco, essa moça foi bombardeada de acusações, porque não havia feito escova no cabelo, porque o vestido estava assim e assado, etc e tal. Nem preciso dizer que a moça-alvo do falatório nem estava lá para se defender... Eu queria "cagar e andar" pra tudo isso. Ir de calça jeans e all star! Mas isso seria tão "ofensivo" quanto não ir à festa. P.S.: ainda bem que não fui convidada para ser madrinha desse casamento...

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Bola de neve

Atualização de status: ainda deprimida por conta da demissão. Estou procurando coisas novas, mas nada apareceu. É claro que já estando deprimida, o meu humor não está lá dos melhores. E eu imagino que não deve estar sendo fácil conviver comigo assim. Mas, por outro lado, é o que se espera dos parentes, da família: marido, filhos, pais e irmãos. A gente imagina que esse vai ser o grupo que vai dar apoio incondicional. Fragilizada assim, ficou mais fácil me ofender com pequenas atitudes em casa, como a comida rejeitada, ou o descuido com o lugar que acabou de ser limpo. Devo soar como uma "chata de galocha". Mas um pouco de compreensão não ia fazer mal, né? Ao invés disso, quase estou sem falar com as pessoas da casa, maiores de 13 anos. Só tenho me comunicado com meu gurizinho, porque ele não entenderia, embora perceba, o que está acontecendo. Estou rezando. Estou pedindo um milagre: que as pessoas que eu amo me entendam. Que me perdoem se eu me excedi nas reações. Que assumam que também erraram. Que tudo fique bem.