segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Os primeiros tons de cinza

Há algum tempo, um amigo publicou um post no Facebook sobre uma crítica pra lá de elitista detonando a trilogia "Cinquenta tons de cinza". Eu, na época, sequer sabia do que se tratava. Depois de um tempo, vi que a revista Veja (argh!) publicou uma matéria de capa para falar do reboliço que esses livros têm provocado. Mais uma vez, eu estava no meu estado de ignorância a respeito do que se tem chamado de fenômeno. Foi aí que eu fiquei sabendo o que era... E não me interessei nem um pouquinho, pois sado-masoquismo nunca foi minha praia (parafraseando a tradução de Steele e Grey). Aí, passado mais um tempinho, minha madrasta vem até mim, toda serelepe, com olhinhos agitados e acesos, me dizendo que eu "tinha" de ler. Eu falei para ela que não curtia essa coisa de sádico, etc e tal... Mas ela não se abateu. Sábado, fui almoçar na casa do meu pai. Antes de ir embora, mais uma vez, vem minha madrasta, cheia de excitação, e com dois dos três livros na mão. Foi logo dizendo assim: "Olha, eu ainda não comprei o terceiro, mas já li os dois primeiros, e você tem de ler... Você vai amar!". Resumo da ópera: Das 455 páginas do primeiro livro, já li pouco mais de 130. Sim, os relatos detalhados das relações dão uma quenturinha. Sim, é bonzinho de ler. Mas,só... Voltando ao post de meu amigo no Facebook, alguém comentou que só mesmo uma fã de Stephanie Meyer para escrever melhor do que ela. Discordo. Meyer parece ter mais riqueza de vocabulário, embora isso possa ser também um problema da tradução. Além do mais, há momentos em que eu me sinto relendo "Crepúsculo". As semelhanças são muitas: a protagonista branquela, de cabelos castanhos, que não se sente segura e acha que o cara é a melhor coisa do mundo, e que ela é muito menos do que ele; o protagonista que parece um "deus" todo poderoso, que pode tudo, que consegue tudo, que é rico, que é lindo, etc; garçonetes que se incomodam por não serem notadas pelo "deus"; carros caros, velozes, chiquerérrimos, casas maravilhosas; ausência de problemas corriqueiros, como contas a pagar, médicos a serem marcados, etc e tal; frases que se repetem (tanto Edward Cullen quanto Christian Grey andam "franzindo o cenho" com uma certa frequência). Bem medido e bem pesado, parece que os tons de cinza de James são uma versão erótica de Bella e Edward. Convenhamos: um homem (sádico, diga-se de passagem) que consegue fazer uma virgem de 21 anos (que não conhece o próprio corpo) ter 2 orgasmos com penetração na primeira vez é tão irreal quanto um vampiro!

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