quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Cirurgia do meu filho

Hoje pela manhã meu filho foi operado. Foi uma coisa simples, já prevista e planejada... Uma correção de ptose congênita. Olho direito... Se a cirurgia foi simples, o pós operatório está sendo muito difícil... Difícil pra mim, para a família, principalmente para ele...
O que tem sido mais complicado é o fato de que a pálpebra operada ainda não se movimenta e, por isso, o olho permanece aberto o tempo inteiro, sem piscar... A consequência disso é uma falta de lubrificação do globo ocular.... Para evitar isso, precisamos aplicar, a cada hora, um gel no olho, puxando a pálpebra inferior para que o gel seja alojado na "bolsa conjuntiva"... Mas como fazer isso em uma criança de 3 anos, que não permite que mexamos no olho dele... Ora, imagine uma pálpebra edemaciada, com pontos... Se fosse o caso, nem eu permitiria... Mas somos adultos... ele, um bebê... meu bebê.
Para mim, nem sei mensurar o que é mais duro: minha impotência diante do sofrimento dele, minha sensação de inutilidade, já que minha sogra "toma conta" de tudo, mesmo que não tenha sido solicitada para isso. Ela consegue colocar o remédio... eu não. Sinto-me como se perdesse meu lugar de mãe, como se eu pudesse ser "mandada embora" do meu lugar, do meu papel, do meu espaço...
Espero que amanhã tudo esteja melhor.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Arrumando a casa...

Não vou voltar atrás
O chão sumiu a cada passou que eu dei


Os versos de Paulinho Moska ilustram muito bem o meu sentimento de convicção diante da mudança que eu escolher fazer. Há dois dias, vi minha vida acadêmica passar diante dos meus olhos, indo para reciclagem. Restou muito pouco do que eu resolvi doar. Salvo um trabalho que a Profª Drª Rosa Virgínia Mattos e Silva, sumidade nacional de História da Língua Portuguesa, me deu nota 10, meu banco de dados do mestrado e a própria dissertação encadernada em capa dura, com letras douradas, todo o resto foi para a caixa que, em breve, virará papel novamente. Apostilas, textos xerocopiados, anotações, cadernos inteiros... tudo foi para o caixote. Enquanto cada pilha de material era colocada na caixa, eu pensava com meus botões: Não vou mais precisar de nada disso.

Eu sei que eu posso até mudar de ideia quanto a ser uma cozinheira, um dia, num futuro indefinido... Mas tenho plena convicção de que jamais voltarei a ser professora de Língua Portuguesa. Eu, simplesmente, não quero mais isso para mim. É fato! Eu, na verdade, nunca quis... Fazer faculdade de Letras sempre foi meu plano B. E no meio dele, percebi que meu plano B tinha virado plano A. Em outras palavras, estava tudo errado...

Eu não me arrependo de ter feito esse percurso. Não me arrependo de nada! Pode até ser que seja isso que me faça ter mais convicção de que essa mudança não só é desejada como é necessária. Sinto que cumpri minha missão como professora, como linguista, como cientista. Dei minha contribuição. Agora, é seguir em frente e partir para a próxima missão: alimentar.

Eu sei que a coragem que me levou a tomar uma atitude assim vai me acompanhar para o resto da vida... Se for preciso mudar novamente, não hesitarei em fazê-lo. E terei muito orgulho de mim mesma por isso, porque por mais que eu queira desafiar minhas crenças e propostas, eu sei, no fundo de minha alma, que nunca vou desistir de ser feliz.

O chão sumiu a cada passo que eu dei. Não tem retorno. Não tem volta. Eu decidi esse caminho, e ele é o único até que uma nova bifurcação me seja oferecida. Quando ela chegar, eu paro para pensar... Se houver necessidade, arranjo uma pedra onde eu possa me sentar, para esperar que minha intuição me diga qual o melhor caminho.

Pode até ser que existam pessoas que não queiram saber quem eu sou... E que só me avaliem pelo que acham que vê... Fodam-se! EU SEI QUEM EU SOU... E eu vou continuar sendo eu mesma, com minhas maluquices, com minhas indecisões, com minhas escolhas acertadíssimas, seguindo, assim, pelos caminhos mais certos.

Neste momento, o caminho está diante de mim... Eu estou parada, dando um tempo para tomar fôlego. Mas é nele que continuarei... Nem olho para trás, porque não há nada para ver. O que eu precisava trazer de lá, já está aqui comigo:amigos de verdade, experiências, novas perspectivas e pontos de vista...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Recebi um texto de Eliane Brum sobre a educação para a vida das gerações mais novas. Um frase me chamou a atenção: "A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada." Na verdade, não foi a sentença inteira que me deixou pensativa, mas sim o primeiro sintagma: A crença de que a felicidade é um direito. Não sei se essa ainda é uma crença minha. Mas sempre foi minha mola propulsora. Tudo que eu fiz, todas as minhas escolhas, todas as minhas palavras se prendem a essa crença, porque sempre foi isso que me disseram: que temos o direito de sermos felizes. E eu vivo questionando o valor das pequenas felicidades, das pequenas realizações ou do simples fato de estar viva.
De uns tempos para cá, estou pensando seriamente em desconstruir essa crença. Acho que a felicidade deve ser mesmo um estado hormonal. Simplesmente, algumas pessoas não são capazes de produzir os neurotransmissores que possibilitam a sensação de ser feliz. E estou começando a ter medo de ser uma dessas pessoas.
Sejamos realistas: eu não estou nem um pouco feliz. Embora tudo pareça estar no lugar, dentro de mim, o mundo está de pernas pro ar. Sinto falta de mim mesma, sinto falta de ser amada por mim. Sinto falta de que eu me baste para ser feliz. E busco no amor alheio essa ausência. Sofro porque o amor de meus filhos e de meu marido não me preenche como deveria. Sinto muito que pessoas com quem eu me importo não estejam nem aí para mim. Sinto muito que meus excelentes amigos não consigam me convencer de meu valor.
Será que eu sempre precisarei de remédios para me pôr no lugar? Será que as tarjas pretas me fariam sentir alguma simpatia por mim mesma? Onde será que eu devo me encontrar? Por que a criança em mim continua a achar que só será feliz quando tiver aquilo que ainda não tem? Quando será que ela estará satisfeita? Como a satisfarei? Preciso parar de amar os outros para amar a mim mesma?
Essas autoanálises me deixam esgotada... Preciso dormir.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Sonhos...

Eu odeio sonhar. Sempre detestei a sensação de quando raros sonhos bons vão se esvaindo quando estamos acordando. E detesto mais ainda a angústia consciente que toma conta do meu ser quando tenho sonhos ruins. Justamente porque ninguém nunca tenha dado uma explicação absolutamente exata sobre o que são os sonhos e qual a sua finalidade, eu sigo lutando contra eles. Repito: odeio sonhar. E é raro que eu me lembre dos sonhos comuns que tenho. Os que chamam a minha atenção são os que me afligem, me deixam triste, ou seja, os pesadelos.
Nos últimos meses, tenho me lembrado mais dos sonhos do que é normal para mim. Sempre acontece, pela manhã, de eu me tocar que sonhei com alguma coisa, mas não me lembro... E assim vou vivendo. Mas nos últimos meses isso tem sido diferente. E em duas semanas eu sonhei com cobra. No primeiro sonho, eu via uma serpente, como se ela estivesse de costas para mim. Ela ia atacar, mas eu conseguia, por tempo que não posso medir, segurá-la pela parte de trás da cabeça, como um biólogo faz para evitar que ela dê o bote. Eu sentia que ela estava tentando fugir, que ela queria escapar, e eu não tinha certeza se conseguiria segurá-la por muito tempo. Então eu acordei. O que me chamou a atenção é que ela não aparecia de frente para mim.
Hoje pela manhã, ainda cochilando no sofá, tive um sonho parecido. Mas dessa vez, eu não conseguia pegar a cobra. Era como se ela estivesse indo embora. Eu continuei a vê-la por trás, de cima. Era como se eu estivesse em pé e ela, em cima de uma mesa, de costas para mim. E eu acordei...
Não sei se fiquei tão angustiada como em outros sonhos já tidos... Embora eu tenha pavor de cobras, não acho que tenha sentido pânico, nem nojo. Queria que isso tivesse algum sentido, que explicasse meus sentimentos ou o meu lugar no mundo. Mas o futuro continua nebuloso. E a angústia persiste.