quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Tudo, absolutamente tudo, novo pela 1ª vez!

Passei cinco anos sem escrever. Não que não tivesse nada para dizer, mas porque não queria ficar andando em círculos, repetindo a mesma ladainha que já está registrada aqui desde sempre. Continuei minha terapia, passei a tomar remédio, sim. E mergulhei sem medo em mim mesma, para além da dor de me sentir eternamente deslocada e desencontrada nesta vida. Mas de lá para cá, muitas coisas aconteceram. E a cada pequeno degrauzinho que consegui subir, aprendi um pouco mais sobre mim mesma. Acolhi algumas das minhas sombras. Outras ainda estão escondidas, para serem conhecidas por mim ao longo da jornada. Também reconheci e aceitei a parte de luz em mim que consegui ver. A jornada continua. E eu vou tentar contar um pouquinho sobre como tem sido. Da última vez que eu escrevi, eu estava passando por mais uma fase depressiva. Depois de tanto tempo, finalmente o diagnóstico ficou claro: depressão atípica-reativa. De uma forma bem resumida, é como se fosse o seguinte: quando algo bom acontece, eu fico feliz, mas não é suficiente para sustentar a alegria; e quando algo ruim acontece, me derruba de uma forma que eu não consigo me levantar sozinha, durando muito mais do que as alegrias dos eventos pontuais. Desde 2017, estou medicada, e muita coisa melhorou. Então eu aproveito para dizer: Não tenha medo ou vergonha de precisar tomar remédio para depressão, ansiedade, síndrome de pânico ou qualquer que seja a condição que precise ser medicada. Nenhum hipertenso ou diabético tem vergonha de tomar remédio. Por que a pessoa que está sofrendo com uma doença mental deveria ter? Depois que eu deixei Letras de vez, trabalhei numa instituição de ensino superior (IES), no curso de Gastronomia. Fiz concurso para a UFBA e perdi. Foi um baque na autoestima, e caí em outra crise depressiva. Foi justamente isso que me levou à psiquiatra e às medicações. No entanto, em 2017, fiz concurso para o IFBAIANO, passei e agora trabalho lá! O tempo que trabalhei na IES, tive momentos legais, porém muitos momentos desafiadores. Não vou falar do que era ruim, porque não quero dar lugar a isso. Vou falar do que foi bom: eu descobri algo em mim, que sempre esteve ali, latente, mas que eu não identificava. Eu descobri que eu sou o tipo de pessoa que gosta de cuidar. Mesmo sendo professora, eu me sentia feliz em cuidar dos alunos: ouvir, acolher, orientar, fazer algo que pudesse melhorar a vida daquela pessoa, ainda que não fosse no sentido de ajudar a ampliar conhecimentos. Foi nesse insight que eu descobri que tinha de me tornar terapeuta. Em 2018, comecei a fazer cursos de terapias diversas: Introdução à aromaterapia, Barras de Access, Reiki, Benzimento, ThetaHealing, Tarot...Quando fui demitida, em dezembro de 2018, ao invés de me sentir deprimida, como aconteceu na primeira vez, eu comemorei, porque senti que era o pontapé que faltava para que eu me dedicasse a essa nova profissão. Eu estava com a relação com a gastronomia muito desgastada. A cozinha não era mais prazerosa porque só me lembrava de supervisores traiçoeiros e alunos eternamente insatisfeitos. É claro que, ainda comemorando, eu me sentia tendo sido jogada fora. Mas havia perspectiva. Havia a possibilidade de recomeço imediato. E foi aí que a minha jornada rumo a uma nova profissão (mais uma), se tornou uma jornada de auto-cura. O ano de 2019 foi um ano de aprendizados sobre empreendedorismo, Ikigai e autoconhecimento. É claro que não conseguia pagar minhas contas. Que terapeuta iniciante consegue uma agenda cheia de cliente da noite para o dia? E nisso, muitos altos e baixos. Mas eu me reconheci bruxa, assumi todo o meu lado esotérico e espiritualista. Desde 2016, passei a estudar mais sobre espiritualidade. Em 2018, iingressei num curso bem sério sobre espiritualidade. E comecei a ter uma visão mais leve das dificuldades da vida. Eu já estava exausta de lutar contra as circunstâncias que se apresentavam para mim. Não conseguia clientes, nem mesmo para comprar os japamalas que eu fazia. Resolvi correr atrás do concurso que fiz e passei. Faltava pouco tempo para o prazo do concurso vencer. Meu marido me empurrou até a exaustão para que eu fizesse ligações e visitas, a fim de movimentar o processo. Graças a ele, meu marido, que hoje estou numa instituição federal de ensino. No fim de dezembro de 2019, minha nomeação saiu no Diário Oficial. Faltavam apenas 5 dias para o prazo do concurso vencer. Eu já tinha até mesmo uma advogada a postos, para o caso de precisar entrar na justiça pela vaga. Ainda bem que não precisei fazê-lo. E aí o ano de 2020 começou. Você já sabe sobre 2020. Eu não preciso falar de todos os absurdos desse ano estranho. Mas eu quero muito falar sobre as minhas bênçãos. Hoje eu sei que não posso mais fugir de ser professora. Não somente porque estou depois da Reforma da Previdência, muito provavelmente eu não vá conseguir me aposentar nunca, mas porque está no meu cerne. Faz parte de mim ensinar coisas. Depois que eu me tornei terapeuta, eu passei a dar dicas sobre como aliviar cólicas com aromaterapia, ou como ritualizar um banho, ou como tal erva é bom para insônia. Eu não consigo deixar de ensinar. É um karma, e um dom: tudo o que eu aprendo, eu ensino. Se estou numa consulta médica, e me aparece a famigerada pergunta "Professora de quê?", logo a médica está me falando de coisas que ela ama comer e que gostaria de aprender, e, se eu souber, na mesma hora solto uma dica ou um macete. É mais forte do que eu! Então eu resolvi assumir que sou uma professora-terapeuta, que vai fazer o possível para ajudar os alunos, seja com conteúdo informativo das disciplinas que eu ministrar, seja com minhas dicas de bruxa. Resolvi que vou encontrar uma forma de juntar tudo no mesmo balaio, porque eu não posso me separar de mim mesma. Eu sou professora, por mais que eu tente fugir disso, e sou uma terapeuta, benzedeira, que prepara chás, banhos e joga cartas. E sabe de uma coisa? EU AMO SER TUDO ISSO. Então, tudo mudou, pela primeira vez, eu acho. Porque eu já não sinto que os problemas podem ser resolvidos fora de mim. E como boa geminiana, fico me questionando se eu já senti tudo isso antes, mas me parece que não. Nada mudou por fora. Eu mudei o máximo que pude por dentro. E ainda tem muita faxina e reforma pela frente. Só que dessa vez, eu estou em paz.

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